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terça-feira, 17 de abril de 2012

O Consumidor e a Sustentabilidade*

Confiram o texto de Newton Figueiredo, sobre a que nós consumidores devemos ficar atentos na hora de conferir se um produto é ou não sustentável como o fabricante diz.


É fato, a maioria das pessoas, ainda acredita que sustentabilidade relaciona-se a apenas a questões ambientais. Um grande engano cometido também por muitas empresas que insistem em atrelar o lançamento de produtos apenas a meio ambiente e ecologia, quando, na verdade, os benefícios devem ser também econômicos e sociais.

Antes de mais nada os produtos sustentáveis precisam ser desejados, isto é, precisa haver demanda. Em segundo lugar, é preciso que o produto seja competitivo em termos de preço, isto é, que seja acessível a seu público de interesse. E, não menos importante, o terceiro pré-requisito é o de que o produto precisa apresentar os atributos essenciais da sustentabilidade.

Isso parece óbvio, mas não é. Temos visto produtos sendo lançados com design que não é do agrado do público-alvo. O produto é feito com toda responsabilidade socioambiental, mas não tem conforto nem umdesign agradável. Resultado: não vende. Se não vende, há desperdício. Se gera desperdício, não é sustentável.

De outro lado, existem produtos altamente desejados e competitivos que não possuem os atributos essenciais da sustentabilidade, muito embora sejam propalados e divulgados como mais sustentáveis e mesmo como ecologicamente corretos.

O que um consumidor comum pode fazer de forma prática para não cair na conversa de fabricantes e distribuidores que nem sempre têm a ética como balizador de sua propaganda e da comunicação com os clientes? O primeiro passo é colocar-se na posição de São Tomé: ver para crer. Comece pela etiqueta que informa a origem do produto e verifique sua procedência. Dê preferência a produtos feitos em sua região. Evite comprar similares produzidos em outros países. Ao comprar produtos de outros países, você está diminuindo o recolhimento de impostos e estimulando o desemprego e a falta de infraestrutura pública. Várias cadeias de supermercados e de lojas de material de construção têm oferecido produtos de baixa tecnologia que poderiam ser confeccionados por qualquer comunidade carente no Brasil, mas são importadas da China, da Índia, de Bangladesh e outros países menos favorecidos. Ao optar por esses produtos, o consumidor está contribuindo diretamente para aumentar a fome, a violência e a miséria em nossas cidades.

Já que está olhando a etiqueta, verifique, em segundo lugar, se o que está dito na frente do produto realmente consta em sua composição e você poderá ter interessantes surpresas. Se, por exemplo, estiver comprando um pão de queijo, verifique se ele realmente tem queijo.

Em terceiro, não se deixe levar pela embalagem, se é reciclada ou não. Isso, neste momento da análise, não é importante. O que é importante é saber se o produto é ou não agressivo à sua saúde e à de sua família. Alguns supermercados têm maquiado alguns produtos reduzindo suas embalagens, aumentando o percentual reciclado e estimulando a venda desses produtos como “mais sustentáveis”. Nessa lista existem produtos nada ecologicamente amigáveis e outros agressivos à saúde humana. Cuidado!

Uma forma de ajudar na identificação de produtos sustentáveis é por meio dos chamados selos verdes, como o selo Procel para eletrodomésticos e eletrônicos, o FSC para madeiras e papéis e o SustentaX para produtos e serviços sustentáveis. Na área de orgânicos existem o IBD e EcoCert.

Muitas empresas ainda não perceberam que o consumidor estará cada vez mais crítico, consciente da importância de seu papel e disposto a não prestigiar as empresas que entende como não sustentáveis. Em lugar de partirem para ações consistentes, elas insistem em gerar elevados gastos em propaganda e em maquiar seus produtos e serviços relacionando o produto a imagens de florestas e animais, utilizando-se de autosselos ecológicos ou atuando somente na embalagem. O consumidor comum cada vez mais informado saberá identificar claramente a camuflagem e passará a punir as empresas que insistirem nestas práticas.

* Newton Figueiredo é fundador e presidente do Grupo SustentaX, que desenvolve o conceito de sustentabilidade.

Fonte: Envolverde/Instituto Akatu/Ethos

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O Consumidor e a Sustentabilidade*

Confiram o texto de Newton Figueiredo, sobre a que nós consumidores devemos ficar atentos na hora de conferir se um produto é ou não sustentável como o fabricante diz.


É fato, a maioria das pessoas, ainda acredita que sustentabilidade relaciona-se a apenas a questões ambientais. Um grande engano cometido também por muitas empresas que insistem em atrelar o lançamento de produtos apenas a meio ambiente e ecologia, quando, na verdade, os benefícios devem ser também econômicos e sociais.

Antes de mais nada os produtos sustentáveis precisam ser desejados, isto é, precisa haver demanda. Em segundo lugar, é preciso que o produto seja competitivo em termos de preço, isto é, que seja acessível a seu público de interesse. E, não menos importante, o terceiro pré-requisito é o de que o produto precisa apresentar os atributos essenciais da sustentabilidade.

Isso parece óbvio, mas não é. Temos visto produtos sendo lançados com design que não é do agrado do público-alvo. O produto é feito com toda responsabilidade socioambiental, mas não tem conforto nem umdesign agradável. Resultado: não vende. Se não vende, há desperdício. Se gera desperdício, não é sustentável.

De outro lado, existem produtos altamente desejados e competitivos que não possuem os atributos essenciais da sustentabilidade, muito embora sejam propalados e divulgados como mais sustentáveis e mesmo como ecologicamente corretos.

O que um consumidor comum pode fazer de forma prática para não cair na conversa de fabricantes e distribuidores que nem sempre têm a ética como balizador de sua propaganda e da comunicação com os clientes? O primeiro passo é colocar-se na posição de São Tomé: ver para crer. Comece pela etiqueta que informa a origem do produto e verifique sua procedência. Dê preferência a produtos feitos em sua região. Evite comprar similares produzidos em outros países. Ao comprar produtos de outros países, você está diminuindo o recolhimento de impostos e estimulando o desemprego e a falta de infraestrutura pública. Várias cadeias de supermercados e de lojas de material de construção têm oferecido produtos de baixa tecnologia que poderiam ser confeccionados por qualquer comunidade carente no Brasil, mas são importadas da China, da Índia, de Bangladesh e outros países menos favorecidos. Ao optar por esses produtos, o consumidor está contribuindo diretamente para aumentar a fome, a violência e a miséria em nossas cidades.

Já que está olhando a etiqueta, verifique, em segundo lugar, se o que está dito na frente do produto realmente consta em sua composição e você poderá ter interessantes surpresas. Se, por exemplo, estiver comprando um pão de queijo, verifique se ele realmente tem queijo.

Em terceiro, não se deixe levar pela embalagem, se é reciclada ou não. Isso, neste momento da análise, não é importante. O que é importante é saber se o produto é ou não agressivo à sua saúde e à de sua família. Alguns supermercados têm maquiado alguns produtos reduzindo suas embalagens, aumentando o percentual reciclado e estimulando a venda desses produtos como “mais sustentáveis”. Nessa lista existem produtos nada ecologicamente amigáveis e outros agressivos à saúde humana. Cuidado!

Uma forma de ajudar na identificação de produtos sustentáveis é por meio dos chamados selos verdes, como o selo Procel para eletrodomésticos e eletrônicos, o FSC para madeiras e papéis e o SustentaX para produtos e serviços sustentáveis. Na área de orgânicos existem o IBD e EcoCert.

Muitas empresas ainda não perceberam que o consumidor estará cada vez mais crítico, consciente da importância de seu papel e disposto a não prestigiar as empresas que entende como não sustentáveis. Em lugar de partirem para ações consistentes, elas insistem em gerar elevados gastos em propaganda e em maquiar seus produtos e serviços relacionando o produto a imagens de florestas e animais, utilizando-se de autosselos ecológicos ou atuando somente na embalagem. O consumidor comum cada vez mais informado saberá identificar claramente a camuflagem e passará a punir as empresas que insistirem nestas práticas.

* Newton Figueiredo é fundador e presidente do Grupo SustentaX, que desenvolve o conceito de sustentabilidade.

Fonte: Envolverde/Instituto Akatu/Ethos

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